segunda-feira, 13 de junho de 2011

PRECISÃO INTERMEDIÁRIA NÃO PRECISA SER AVALIADA COM MRC nem MR

O PORQUÊ DA NÃO NECESSIDADE DO USO DE UM MATERIAL DE REFERÊNCIA

Para encerrarmos a discussão do tema que já venho abordando há duas postagens, só falta eu lhes explicar a razão pela qual não precisamos um MR, certificado ou não, na avaliação da precisão intermediária de um método analítico, por exemplo, quando, como a engenheira minha cliente (ver penúltima postagem antes dessa), desejamos verificar se podemos passar a usar um segundo equipamento para a execução de uma análise, além daquele que já utilizamos.
Para isso, eu precisava que vocês entendessem bem o que é a precisão intermediária de um método e sua exata diferença da repetividade e da reprodutibilidade deste. Como esses três parâmetros que expressam a precisão de um método analítico costumam ser muito confundidos um com o outro, usei a postagem anterior para explicá-los detalhadamente.

Outros parâmetros que é necessário que compreendam e distinguam perfeitamente são: exatidão e precisão, já que o motivo para podermos testar a precisão intermediária de um método com uma amostra qualquer baseia-se na diferença da análise estatística dos dados que fazemos na avaliação de cada um desses parâmetros.
Mais uma vez tomarei o VIM como referência. Seguem as definições apresentadas na edição brasileira vigente do mesmo para exatidão e precisão:
2.13
exatidão
Grau de concordância entre um valor medido e um valor verdadeiro de um mensurando.
2.15
precisão
Grau de concordância entre indicações ou valores medidos, obtidos por medições repetidas, no mesmo objeto ou em objetos similares, sob condições especificadas.

Uma avaliação do primeiro parâmetro, a exatidão, necessariamente precisa ser feita com um material de referência ou pelo menos, com uma amostra de controle que tenha um valor da grandeza medida bem definido, confiável e estável, podendo assim, ser considerado um valor de referência. Pois, como define o VIM, o valor medido, nesse caso, deve ser comparado a um valor verdadeiro de um mensurando, o que na prática, é um valor de referência.
Já no caso de uma avaliação de precisão, conforme também podemos ver na definição do VIM, o que comparamos são os valores obtidos nas replicatas da análise entre si, determinando-se assim, o grau de dispersão desses valores.
Desse modo, para determinarmos a precisão intermediária de um método analítico, não necessitamos de um valor de referência do mensurando, como é necessário para determinarmos a sua exatidão. Essa é a razão para não precisarmos usar um material de referência.

Os referenciais das comparações feitas nos dois casos são portanto, completamente distintos: para a exatidão, um valor de referência da grandeza medida (no caso, o valor de referência do MR, MRC ou amostra de controle utilizada) e para a precisão, os valores das replicatas da medição/análise executadas em uma mesma amostra, qualquer que seja ela.

O valor de referência de um mensurando é a melhor estimativa que é possível fazermos do valor verdadeiro do mesmo, pois, o valor verdadeiro exato da grandeza não conseguimos determinar na prática, já que nenhuma medição é 100% perfeita.
O parâmetro estatístico que em geral, usamos para expressar essa melhor estimativa é o valor médio, que é um dos valores, que, em estatística, chamamos de medida de posição.
Como, em uma avaliação de precisão, fazemos uma comparação dos valores das replicatas entre si com o intuito de determinarmos a dispersão dos mesmos, usamos, não uma medida estatística de posição, mas sim, uma medida de dispersão, normalmente, desvio padrão.
Assim, quando, como minha cliente, queremos avaliar o desempenho de um equipamento na execução de uma análise, comparativamente ao de um outro, que já usamos para executá-la, comparamos entre si os valores de replicatas da análise de uma mesma amostra qualquer, efetuadas por um mesmo analista, em um curto espaço de tempo, nos dois equipamentos.

Para isso, calculamos o desvio padrão de precisão intermediária desses valores. No documento do INMETRO DOQ-CGCRE-008 ou em qualquer outro guia de validação de métodos analíticos, encontramos a fórmula de cálculo desse parâmetro estatístico, que vai expressar a precisão intermediária da análise executada, que é o nível de variação observado entre medições executadas, nesse caso, em equipamentos diferentes.

Para determinarmos se podemos usar esse segundo equipamento para realizar a análise também, precisamos avaliar se a variação apresentada entre os valores obtidos nas replicatas efetuadas nos dois instrumentos, ou seja, o desvio padrão calculado, é aceitável ou não.

Alguns guias de validação de métodos estabelecem um limite de aceitabilidade percentual para esse desvio, que seria  ≤ 5%. Outros sugerem se usar um limite de aceitabilidade baseado no chamado valor de HORRAT calculado por meio de uma equação conhecida como equação de Horwitz. Nesse caso, a variação entre as medições das replicatas corresponder a um valor de HORRAT assim calculado, menor ou igual a 2.

Espero que essa tenha sido mais uma postagem útil para vocês e tenha esclarecido dúvidas que tinham.

Comentem o que estão achando do blog, dos assuntos que venho abordando e sugiram temas sobre os quais tenham dúvidas para eu escrever sobre eles.

Meu maior propósito, com este blog, é lhes ser o mais útil possível no esclarecimento de dúvidas que apresentem. Espero estar conseguindo cumprir com esse objetivo.

Até a próxima postagem!

Abraços a todos!

Luiz








 

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